quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Hemocromatose

Olá fazem seis meses que eu infartei e hoje eu resolvi voltar ao blog para contar um pouco como estou passando e algumas mudanças que ocorreram na minha vida, que foram muitas. Gostaria também de alertar a todos de uma problema que foi descoberto em mim após alguns exames de rotina. Meu excesso de Ferro (Hemocromatose)


Excesso de ferro faz mal ao coração

Pesquisa recente comprova que o excesso de ferro no sangue dobra a possibilidade de um ataque cardíaco.


Poucos minerais são tão importantes para o organismo quanto o ferro, responsável, por exemplo, pelo transporte de oxigênio dos pulmões até as células. Em excesso, porém, o ferro se torna mais perigoso que o colesterol para o coração.

Sob suspeita há vários anos, esse fato pode ter sido comprovado na prática por um estudo recente do epidemiologista finlandês Jukka Salonen, da Universida de Kuopio. Quando a concentração de ferro no sangue sobe acima de 200 microgramas por litro, dobra a possibilidade de um ataque do coração.

É o que mostram os dados colhidos por Salonen e sua equipe desde 1984 em 1931 homens de idade mediana. Na verdade, a concentração de 200 micro-gramas refere-se à ferritina, molécula responsável pelo armazenamento do ferro no sangue e outras partes do corpo. Se a concentração de ferritina cresce 1 %, dizem os pesquisadores, a possibilidade de ataque cardíaco cresce 4%.

Assim se entende, por exemplo, a curiosa proteção da aspirina contra ataques do coração: ela promove pequenas hemorragias internas, o que elimina o excesso de ferro. Da mesma forma, a perda de sangue periódica por meio da menstruação dá às mulheres jovens uma proteção que os homens não podem ter. Essa, pelo menos, é a interpretação de Jerome Sullivan, da Faculdade de Medicina da Carolina do Sul, Estados Unidos.

O primeiro a chamar a atenção para o problema, há dez anos, ele elogia o esforço de Salonen. "É a primeira vez que se investiga o acúmulo de ferro como fator de risco." Sua teoria é que esse mineral estimula a formação de radicais livres, moléculas pequenas e quimicamente muito ativas. Os radicais, por sua vez, levam à formação de um colesterol mais eficiente que o colesterol comum - quando se trata de entupir artérias, primeiro passo para o ataque cardíaco. Por enquanto, trata-se apenas de uma teoria.

O finlandês Salonen forneceu os primeiros dados que a comprovam, mas é preciso que sejam multiplicados muitas vezes antes de se pensar em medidas preventivas contra o excesso de ferro. Mas Sullivan acha que não custa nada começar a conter, desde já, o apetite por certos alimentos, como cereais. "A menos que tenham anemia, acredito que os adultos devem evitar suplementação de ferro."

Fonte: http://super.abril.com.br





DIAGNÓSTICO
    A recomendação da AASLD (Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado) para o diagnóstico da hemocromatose hereditária é um algoritmo que leva em consideração as características e o alto custo dos exames (o estudo genético custa cerca de US$ 2.700) para detectar o maior numero possível de doentes. Este algoritmo de 3 passos começa com a detecção daqueles com acumulo de ferro, depois com a confirmação genética e posteriormente avalia o grau de lesão de órgãos.

Devem ser investigados (AASLD)
Sintomáticos
Manifestações inexplicáveis de doença hepática ou com alteração dos exames indiretos de ferro

Diabetes mellitus tipo 2 com hepatomegalia, alteração de enzimas hepáticas, doença cardíaca ou disfunção sexual precoce

Doença articular atípica precoce, cardiopatia e disfunção sexual masculina
Assintomáticos
Parentes de primeiro grau de indivíduos com hemocromatose

Alteração dos exames indiretos de ferro em exames de rotina

Elevação de enzimas hepáticas, hepatomegalia ou aumento da atenuação do fígado em tomografia
DIAGNÓSTICO DA HEMOCROMATOSE PASSO A PASSO
EVOLUÇÃO CLINICA
    A doença inicia-se com o acumulo lento e insignificante de ferro no organismo (0-5 g). Em um segundo estagio, já ha excesso de ferro (10-20 g) que, se não tratado, pode levar a lesão de órgãos, geralmente apos 40 anos de idade e mais que 20 g de ferro acumulado. Nosso objetivo, portanto, é detectar estes pacientes antes da terceira fase. Felizmente, marcadores indiretos do ferro acumulado permitem o diagnostico precocemente e prevenir o aparecimento da doença.
   O depósito contínuo de ferro no fígado desencadeia um processo inflamatório, o desenvolvimento de fibrose e, com o tempo, a fibrose pode evoluir para cirrose e o surgimento de hepatocarcinoma (especialmente na homozigoze C828Y).
TRATAMENTO
    O tratamento utilizado globalmente, de eficácia comprovada, relativamente barato e praticamente inócuo é a flebotomia(sangria) periódica, ou seja, a retirada de sangue. As células vermelhas do sangue contem hemoglobina, da qual o ferro é componente importante (normalmente, 70% do ferro no nosso organismo está concentrado na hemoglobina). Com a retirada periódica de sangue (nos pacientes com ferritina sérica > 1.000 ng/ml, geralmente uma bolsa de sangue por semana, com nova dosagem de ferritina a cada 4 a 8 semanas), ocorre o deslocamento do ferro depositado nos tecidos para a formação de novas moléculas de hemoglobina, até que não há mais excesso (no início do tratamento, definido como ferritina sérica menor ou igual a 20 ng/ml). Depois, são realizadas novas flebotomias em intervalos variáveis procurando manter o valor de ferritina sérica menor ou igual a 50 ng/ml. Com esses cuidados, não costuma surgir anemia significativa durante o tratamento e a evolução da doença é interrompida, não levando a progressão das lesões nos órgãos-alvo.

Molécula de hemoglobina. A porção verde é a fração "heme", que contém ferro.
    Outra opção de tratamento, usada especialmente nos que não toleram a flebotomia pela presença de anemia, é a quelação (uso de medicação que se une a íons metálicos e é eliminada do organismo). O único agente quelante utilizado disponível até há pouco tempo era a desferrioxamina (DFO), medicação usada por via endovenosa geralmente com uma bomba de infusão, pois a aplicação deve ser feita lentamente (entre 8 a 12 horas) ou por via subcutânea. Apesar dos benefícios, a medicação é tóxica, levando a irritação no local da aplicação, deformidades ósseas, retardo no crescimento de crianças e efeitos neurotóxicos visuais e auditivos.
   Recentemente, a deferiprona (ferriprox®) e o deferasirox (exjade®) foram introduzidos como opções mais acessíveis, pela sua administração oral, eficácia comparável à desferrioxamina e menor índice de efeitos colaterais. No entanto, pode levar a efeitos colaterais como agranulocitose, leucopenia, artralgia, náuseas e vômitos, dor abdominal e hepatotoxicidade, não sendo portanto  uma opção razoável à flebotomia nos pacientes sem contra-indicação a esse procedimento.

Agora é só aguardar meu próximo post onde eu contarei como está indo meu tratamento para  Hemocromatose.




Niveis normais:
Homens : 30 a 323 ng/ml
Mulheres : 12 a 150 ng/ml